ERA UM TEMPO…
Houve um tempo em que a pressa desfilava bem devagar em todo lugar.
Não se tinha pressa de viver e muito menos pra morrer.
Ninguém dava atenção para a pressa, ninguém vivia com pressa.
Tudo era feito com calma, muita calma, pois é assim que a alma se expressa:
sem pressa e com calma… o mesmo que com alma.
Era um tempo em que os amigos, por vezes, se sentavam a espreitar o pôr do sol
e, pra isso, tinham muito tempo e nenhuma pressa.
Era um tempo em que o tempo não apressava o andar, o falar,
o comer, o trabalhar, o compor, o pintar, o esculpir, o planejar.
A pressa vivia longe do pintor, do compositor, do poeta, do lavrador…
porque tudo tinha o tempo certo. Se fosse depressa, a obra não finalizava.
Era um tempo de conhecer, de conversar, dialogar, de namorar pra casar.
Era um tempo de esperar o milho pendoar, o frango e o porco engordarem,
o fruto amadurecer, a lavoura prosperar e a colheita chegar.
Nada tinha pressa, porque a pressa era devagar…
andava na mesma toada do carro de boi: sempre devagar, até no destino chegar.
Demorava chegar… mas, como disse, a pressa andava muito devagar
e ninguém dava atenção para a pressa.
Assim, nesse calmo caminhar, o tempo passou, passou, passou…
e então, um dia, a pressa que praticamente dormia no tempo de ontem,
acordou no tempo de hoje. Então tudo mudou:
o tempo de viver, o tempo de plantar,
o tempo de colher e, se não bastasse,
hoje tudo tem pressa… tudo se apressa.
Tudo mesmo, qualquer coisa tem que ser depressa.
Não dá pra esperar nem a colheita chegar.
Tudo tem que ser pra ontem. O que? Pra ontem?… Não dá.
Ontem a pressa não existia, lembra? Tudo era calma, tudo era devagar.
Então, se for pra ontem vai ter que esperar, ou melhor, saber esperar.
Lá no ontem era assim: a alma era mais presente e a pressa ausente.
Tudo era feito no capricho, com calma, sem pressa.
Com muita calma, como se quisesse a alma agradar.
Tudo tinha que esperar o tempo certo, até os milagres pedidos em oração.
Tudo acontecia no tempo certo de acontecer.
E a Deus… não adianta apressar.
Temos a eternidade pra desfrutar de tudo, sem pressa,
pois o tempo não existe onde a alma reside.
O tempo é a ilusão do homem, que um dia se encheu de pressa.
E assim o tempo perdeu.
Agora tem-se pressa pra criar mais tempo,
porque o tempo perdido é vida que passou
e esse tempo… não pode ser recuperado.
O Porque desse texto
Eu coloquei esse texto acima, para que o leitor pense e reflita que, em tudo na vida existe um tempo de acontecer, nem mais e nem menos. Tudo responde as Leis universais estabelecidas pelo Supremo Criador em sua Mente Infinita. Assim quanto nós tentamos intervir com a nossa persona egoica, nos processos que demanda um pré-determinado tempo de acontecer, estamos assim interferindo no universo, como se estivéssemos querendo fazer o trabalho impecável que somente Deus é capaz de realizar.
É muito fácil de comprovar isso, afinal para qualquer lado que se olhe na agitada e cotidiana vida física, percebe-se um caos, uma agitação, um corre corre em busca de satisfazer as exigência do EGO e esse sempre desejando mais, querendo mais, impondo um sofrimento ao indivíduo que, não tendo consciência do verdadeiro SER Espiritual que poderia
Texto de Telêmaco Barbosa.
Uberlândia – MG – 02 de Outubro de 2023.